O ano era 1914. Nascia em São Paulo a primeira escola de samba da cidade – o Grupo Carnavalesco Barra Funda – e também era convocada pela primeira vez a Seleção Brasileira de Futebol. Cem anos depois, o Carnaval de São Paulo tornou-se uma das maiores festas populares do país e a seleção foi campeã mundial nada menos do que cinco vezes. E as coincidências não param por aí. No mesmo ano em que o Brasil receberá a Copa do Mundo, São Paulo também comemora seus 460 anos e os 120 anos desde a chegada de Charles Miller à capital paulista trazendo a novidade deste novo esporte até então desconhecido em terras brazucas: o futebol.
Em homenagem as essas paixões – o samba paulista e o futebol – a São Paulo Turismo (SPTuris, empresa municipal de turismo e eventos) lançou nesta terça-feira (18), no Anhembi, a terceira edição do Censo do Samba Paulistano. Com destaque para a história do Carnaval na cidade e também curiosidades sobre sua relação com o futebol, a publicação atualiza ainda informações fundamentais, como a localização das escolas e blocos oficiais, o investimento médio das agremiações na montagem dos desfiles, a utilização de áreas públicas, a ficha técnica de cada escola e um novo Carna-cardiograma, um gráfico que mostra, ano a ano, quem venceu a disputa do desfile desde o seu início no Sambódromo, possibilitando comparar o “sobe e desce” das escolas ao longo dos últimos 22 anos.
O grande diferencial desta edição, no entanto, é o inédito “Quem é Quem no Samba Paulistano”, um glossário com mais de mil referências de nomes de pessoas que tiveram grande envolvimento com o samba da capital, como explica o vice-presidente e diretor de eventos da SPTuris, Ítalo Cardoso. “A ideia é homenagear aqueles que contribuíram para o desenvolvimento do Carnaval de São Paulo. São pessoas que se sacrificaram e dedicaram suas vidas a essa grande manifestação artística popular”, diz.
A publicação é conseqüência de um grande levantamento realizado ao longo de dois anos pela equipe do Observatório do Turismo da Cidade de São Paulo, núcleo de estudos e pesquisas da SPTuris, juntamente a outros consultores. O resultado foi um extenso banco de dados sobre as personalidades marcantes do samba paulistano, que continuará sendo registrado. “O Censo do Samba, a partir desta terceira e histórica edição, torna-se um documento vivo. Qualquer nome que tenha representatividade poderá ser incluído a qualquer momento, já que teremos também uma versão eletrônica do material”, afirma Cardoso.
O Censo (100 anos) do Samba Paulistano está disponível na íntegra no site do Observatório: (www.observatoriodoturismo.com.br) ou ainda no site oficial do Carnaval 2014 de São Paulo (www.cidadedesaopaulo.com/carnaval).
Confira alguns trechos do Censo (100 anos) do Samba Paulistano:
“Em São Paulo, escolas de samba e seleção brasileira dividem mais que a coincidência centenária de dois dos símbolos nacionais – o samba e o futebol. Não são poucas as escolas que nasceram de times de várzea, reforçando a origem democrática das duas manifestações tão marcantes na sociedade brasileira”.
“Em 1914, menos de 30 anos depois da abolição dos escravos, uma família de negros e alguns poucos amigos, liderados por Dionísio Barbosa, foram para a rua, saíram pelo bairro para brincar o carnaval, criando o Grupo Carnavalesco Barra Funda, então com pouco mais de dez integrantes. (…) Uma ousadia, mesmo que diminuta, que destoava no conturbado cenário nacional e internacional”.
“Essas décadas iniciais de criação e organização de cordões – característica da origem do samba de São Paulo – e escolas de samba são marcadas também pela evolução da cidade, que passa a despontar como potência econômica e a receber imigrantes em grande número e negros vindos do interior – de onde trouxeram o batuque, outra marca forte do ritmo do samba paulista”.
“Se hoje as escolas de samba – os últimos três cordões viraram escolas no começo dos anos 70 – têm a necessidade de ocupação de áreas para ensaios (quadras) e produção de alegorias (barracões), é na rua, arrastando o povo e fazendo com que o espaço público seja efetivamente ocupado, que as escolas, blocos e outros tipos de agremiação carnavalesca conseguem se reaproximar de suas origens”.
Confira alguns dados do Censo:
Grupo Especial (14 escolas)
Investimento médio de R$ 2,5 milhões por escola
3 a 3,5 mil componentes em média
Grupo de Acesso (8 escolas)
Investimento médio de R$ 1,2 milhão por escola
2,3 componentes em média
Pessoas que trabalham na preparação dos desfiles de Carnaval nas escolas: aproximadamente 5,4 mil
Ocupação de áreas de São Paulo pelas escolas: 120 locais na cidade (maioria terrenos públicos)
Carna-Cardiograma (maiores vencedoras a partir de 1991):
Grupo Especial: Vai-Vai (8 títulos), Mocidade Alegre (5 títulos), Rosas de Ouro (4 títulos)